A minissérie “Anos dourados” (Rede Globo), de Gilberto Braga foi exibida em 1986, às 22h30m. Esta minissérie é sem dúvida uma das melhores e mais apreciadas produzidas pela Rede Globo. Um bom texto do autor Gilberto Braga, com um irresistível apelo nostálgico, aliado a uma escalação de elenco bem feita e a direção apurada de Roberto Talma, deram ao público um espetáculo inesquecível. O tema de abertura era a canção homônima de Tom Jobim.
Nos anos 50, época da história, os cabelos dos rapazes reluziam graças à brilhantina Glostora e procuravam as prostitutas, as empregadas domésticas e se masturbavam olhando fotos de artistas. As moças usavam vestidinhos apertados mostravam os contornos do corpo, que eram realçados pelo sutiã com enchimento de espuma e nas ruas desfilavam os carros rabo-de-peixe. Respirava-se democracia, embalados pelos planos do governo JK e pelos primeiros acordes de uma música que parecia desafinada: era a bossa nova. Eles mostravam o romantismo dos anos 50 traduzido numa emocionante história de amor, mas também a hipocrisia moral e a repressão sexual da época.
Enquanto os casais dançavam ao som das grandes orquestras, rosto no rosto, as músicas de Nat King Cole (“When I fala in love”). Mas por baixo desse romântico otimismo, escondia-se uma sociedade hipócrita, um modelo perfeito de dissimulação. A obra era uma denúncia contra essa hipocrisia de uma certa classe média. E a repressão sexual doía na pele de todos.
Enquanto isso, Lourdinha (Malu Mader), uma normalista muito recatada e reprimida pelos pais, típica “moça de família”, vivia uma história de amor com o jovem Marcos (Felipe Camargo), estudante do Colégio Militar. Porém, o rapaz era malvisto pelos pais de Lourdinha. Acontece que a mãe da moça, Dona Celeste (Yara Amaral), era uma mulher voltada para o lar e preocupada com o que os outros pensariam de sua família. Seu pai, Dr. Carneiro (Cláudio Correa e Castro), era um pediatra moralista e udenista ferrenho. Assim, eles repudiavam o jovem porque era filho de pais separados. Sua mãe, Glória (Betty Faria), sempre cuidou do sustento do filho, trabalhando como caixa numa boate de Copacabana e se apaixonou pelo major Dornelles (José de Abreu), que era casado. Mas foi com Glória que o major viveu sua grande paixão, mas não imaginava separar-se de sua mulher Beatriz (Nívea Maria), a tradicional “boa esposa” e mãe de seus três filhos.
Quem viu lembra-se da música “Anos dourados”, de Tom Jobim: “Parece que dizes/Te amo, Maria/Na fotografia/Estamos felizes/Te ligo afobada/E deixo confissões no gravador/Vai ser engraçado/ Se tens um novo amor/Me vejo a teu lado/Te amo? Não lembro/Parece dezembro/De um ano dourado/Parece bolero/Te quero, te quero/Dizer que não quero/Teus beijos nunca mais/Não sei se eu ainda/Te esqueço de fato/No nosso retrato/Pareço tão linda/Te ligo ofegante/E digo confusões no gravador/É desconcertante/Rever o grande amor/Meus olhos molhados/ Insanos, dezembros/ Mas quando me lembro/ São anos dourados/ Ainda te quero/ Bolero, nossos versos são banais/ Mas como eu espero/ Teus beijos nunca mais/ Teus beijos nunca mais”.
A verdade é que o romantismo daquela época ainda atrai muito. No elenco estavam também Isabela Garcia, José Lewgoy, o Brigadeiro Campos, Milton Moraes, Taumaturgo Ferreira, Antonio Calloni, Lúcia Alves, Jece Valadão, Tânia Scher, John Herbert, entre outros.
Não podemos deixar de comentar o excelente trabalho de Yara Amaral como a conservadora e moralista mãe da personagem Lourdes.
Veja a abertura de "Anos Dourados"
Relembrando:"Anos Dourados"
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