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A primeira viagem

Entre elefantes,motoristas de took took que dirigem olhando para trás e um calor de 42 graus,a atriz nos conta como foi sair do país pela primeira vez e fala da saudade do namorado, o ator Marcelo Faria, e da família.
Arrumar as malas. Não foi algo tão fácil para Isis Valverde, 21 anos. Afinal, seriam quase 10 mil quilômetros, atravessando o continente africano até chegar a Jaipur, na Índia, para conseguir o primeiro carimbo de viagem internacional em seu novíssimo passaporte. Ela achou que o primeiro borrãozinho circular escrito seria ''Paris, França'', mas no dia 29 de setembro pisou mesmo foi no cenário da nova novela de Glória Perez, Caminho das Índias.

Foram 13 dias de muito trabalho para a menina nascida na pequena Aiuruoca, interior de Minas Gerais. “Meu Deus, o que estou fazendo aqui?”, ela pensou nos primeiros momentos do choque cultural, do horizonte com uma paisagem diversa, da interação com um povo hospitaleiro, do olhar para cima e ver um enorme elefante, de seguir por um trânsito louco sem sinais com seu chofer dirigindo e olhando para trás ao mesmo tempo... Tudo isso Isis nos conta em um bate-papo entremeado com risos nervosos, saudade e descrição sincera de uma garota em sua primeira viagem internacional. Embarque...“

Namastê!, ela ouve ao chegar ao saguão do luxuoso hotel Rambagh Palace, em Jaipur, depois de 16 horas de viagem. Significa ''o divino em mim saúda o divino em você''. ''Teve um momento em que eu não sabia mais que dia era da semana ou do mês. É uma loucura esse fuso horário”, diz a atriz sobre a diferença de sete horas. “Eu fui corajosa. Todo mundo me falou isso. Saí pela primeira vez do Brasil e fui para a Índia, um lugar tão diferente. Se ainda fosse ali para Nova York... Lá o povo fala enrolado, mas tudo bem (risos). Eu fui parar do outro lado, onde o povo fala inglês, mas mistura com o híndi. Fiquei meio perdida'', diz a novata em viagens, que estudou inglês durante cinco anos. ''Às vezes eles não me entendiam. Depois de tentar por meia hora, eu, nervosa, ia para o português e eles para o híndi'', explica, aos risos.

''O namoro está maravilhoso'', ela conta sobre a relação de quatro meses com o ator Marcelo Faria, 36. Na ficção, sua personagem na novela vai se casar. Na vida real, declara o que uma mulher recém-chegada aos 20 diria: ''Não me animo a casar, não! Só tenho 21 anos, sou muito nova, tenho muito chão pela frente. O máximo que me animei nesse sentido foi posar para uma revista de noivas. Só de mentirinha. Com Marcelo ainda não rolou esse tipo de conversa''. Uma semana depois de voltar da Índia, ela juntou as malas com as do namorado e os dois foram para Fortaleza, Ceará. Apesar do trabalho envolvido (a temporada da peça dele, Dona Flor e Seus Dois Maridos), claro, aproveitaram para namorar um pouco nos dias de folga da atriz. ''Já conseguimos matar a saudade. Pude matar a saudade até da minha cadela, Honey, que ficou com febre na minha ausência. Já o Marcelo não teve febre, não...'', brinca ela. Homens e mulheres na Índia usam uma vestimenta carregada de simbolismo. ''As mulheres têm de usar uma marca. Pode ser uma mangala sutra, uma mancha no cabelo ou um anel de aliança. É uma forma de dizer que a pessoa é casada com alguém. Lá não existe namoro. Só noivado e casamento. Não existe esse tempo pra conhecer a pessoa com quem vai se viver. Sou a favor de casar na hora que tiver vontade e não por imposição da sociedade. Mas cada cultura é de um jeito'', reflete Isis.

A Cidade Rosa, como Jaipur, no estado do Rajastão, é conhecida (em 1876 o marajá mandou pintar suas construções dessa cor para receber o príncipe de Gales), começou a fascinar Isis em pouco tempo: ''Passado o choque diante dos costumes, da religião, do fato de ter de andar toda tapada, eu fiquei encantada. Via aquele povo buzinando na rua porque não há sinal de trânsito... Tem de atravessar correndo. Depois disso tudo, a Índia te pega e você fica apaixonada observando aquela arquitetura surreal, a dança, a música, a rua toda colorida. É um lugar muito caloroso, lindo demais. Quem tem uma sensibilidade muito forte pode ficar até doente diante disso tudo. É muita energia que há naquele pedaço de chão''. A cidade tem cerca de 2,46 milhões de habitantes.



Um susto com um elefante, claro, poderia acontecer. Eles estão pelas ruas e em uma cena Isis teve de interpretar a realidade. ''Dei de cara com um. Senti um medo danado quando vi aquele bicho, mas fiquei louca porque ele era lindo demais. Depois do susto, dei banana para ele, passei a mão. Ele até pegou o pé da Betty (Gofman, 43) com a tromba'', explica. Isis chegou a andar em um elefante, sem nenhuma instrução do guia: ''Era um macho gigante! A cada passo do animal, você vai lá na frente e volta. Era uma loucura''.

Took took, é esse o nome do transporte que Isis usou entre as gravações da novela. Miniveículos táxi em que a grande curiosidade é quem dirige. Isis ficou amiga de Cha Cha, no ponto em frente ao hotel. ''Ele era um querido, mas falava que nem uma gralha. Bastava perguntar para onde ele estava me levando que começava a contar a sua história de vida, desde o início. Às vezes eu preferia ficar quieta. Lá eles viram para trás para conversar enquanto estão ao volante e lá vai a vaca atravessando no meio do caminho. Você só tem tempo de gritar 'urru!'. O impressionante é que não acontece nada!'', diz aos risos. Outra maravilha para Isis foram os tecidos. ''Os panos são absurdamente lindos. Dá para comprar e mandar fazer a vestimenta na hora, mas eu preferi comprar os modelos prontos. Um eu pedi para ajustar porque a fôrma na Índia é maior que a do Brasil'', ela conta, arrependida de não ter levado uma mala extra para trazer tudo! ''Para a minha mãe (a escrivã Rosalba Valverde, 44), eu trouxe uma pulseira. Comprei vestidos e elefantinhos para enfeitar minha casa. Ah, o Marcelo também ganhou presente, mas não vou contar o que é!'', avisa Isis.

Nenhuma lágrima na despedida, quando Isis embarcou para a Índia, em 26 de setembro. ''Minha mãe estava com medo de eu não agüentar de saudade. Em vez de ligar todo dia, nós conversávamos por MSN. A verdade é que lá eu tirei forças até de onde não tinha para suportar a saudade, a novidade. Quem já viajou para fora do país entende o que estou falando. É uma sensação de estar só, não no sentido de estar sem sua mãe, seu namorado, seu cachorro, mas estar em um lugar ao qual você não pertence'', analisa. ''Eu sou apenas uma poeirinha cósmica. Senti uma emoção fortíssima.'' Na viagem, contou com a amizade de Tony Ramos, 60, e de sua mulher, Lidiane, 56. ''Eu me aproximei muito deles, que são pessoas maravilhosas e me deram dicas. E também da Ju (Juliana Paes, 29) e do Márcio (Garcia, 38). Nós conversávamos por horas. Eles estavam sempre me ajudando, me mostrando o melhor caminho.''
Banhos no Rambagh Palace, sob muitos graus. Essa foi uma das formas que Isis encontrou para encarar o calor da Índia. ''Quarenta graus? Quarenta e dois!'', conta ela sobre a temperatura nas ruas. No hotel ela ainda conseguia usar roupas curtas, mas entre os indianos... ''É uma afronta para eles deixar essas partes do corpo (pernas e ombros) de fora. Mas a barriga pode. Um dia, eu estava com um vestido tomara-que-caia e coloquei um xale por cima. Estava conversando e, sem pensar, levantei o xale. No tempo que levei para jogar o pano de volta aos ombros todo mundo olhou na minha direção'', diz. Além do calor-sauna, a comida indiana apimentada ajudou Isis a perder 1,5 quilo e chegar a 47 no total: ''Acabei emagrecendo lá enquanto todo mundo engordou''.

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