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Uma diva chamada Marília Pêra

Depois de roubar a cena em "Duas Caras", com a doce Gioconda, Marília Pêra não pensa tão cedo em descansar. Numa entrevista exclusiva para o Bolsa de Mulher, a atriz fala dos projetos no teatro, da vaidade cadenciada e ainda não esconde que, em certos momentos, prefere até trabalhar com atores mais jovens.

Uma das grandes divas brasileiras, Marília Pêra já deu vida no
teatro a mulheres que são ícones no mundo como Coco Chanel e Maria Callas. A última façanha da atriz, que começou no teatro aos cinco anos, foi pisar e estrear no tapete vermelho, estendido na Calçada da Fama, na Hollywood Boulevard, o coração da capital do cinema.

Marília foi ao Kodak Theatre para participar do American Film Institute, numa homenagem ao ator americano Warren Beatty, no 36º AFI Life Achievement Award. Mesmo com tanta visibilidade, essa atriz direta na maneira de falar e disciplinada com a profissão, algo que herdou dos pais, pretende mesmo parar de trabalhar somente quando morrer (e nos palcos). Talento ela tem de sobra para continuar a sua jornada...

Bolsa de Mulher: Você é uma atriz completa: dança, canta, atua e dirige. De onde vem tamanha versatilidade?

Marília Pêra: Meu pai, minha mãe, minha irmã, meus filhos, toda a família tem a vocação para a arte. Somos atores e trabalhamos com o teatro. Nós fazemos o que gostamos. Acho que por isso dá tudo tão certo. Quero morrer nos palcos. Acredito que tudo seja mais uma vocação.

Bolsa De Mulher: No ano passado, você comemorou 60 anos de carreira. Ao atingir uma marca tão expressiva, o que ainda falta realizar no lado profissional?

Marília Pêra: Há uma dúvida na família se entrei no palco em 1947 ou 48, com quatro ou cinco anos de idade. Quando olho para trás, vejo que as coisas que vivo hoje representam um lucro. É raro chegar a essa idade contente, trabalhando bastante, com filhos realizados, mãe viva. Isso me dá uma enorme alegria.

Bolsa De Mulher: Você tem uma certa vaidade ao completar 60 anos de carreira...

Marília Pêra: Fico feliz. Vejo que trilhei com muito suor a minha carreira profissional. Não foi fácil chegar até aqui. Até porque eu não venho de família rica. Muito pelo contrário. Meus pais deram um duro e tanto para nos criar. Até que as coisas vão se encaixando e eu acabei seguindo meu próprio caminho.

Bolsa De Mulher: Mas, por outro lado, você é uma mulher elegante, que procura se cuidar e sempre está bonita no vídeo.

Marília Pêra: Me cuido sim, mas sem exageros. Gosto de me sentir bem, de estar bonita. Tenho uma boa alimentação, faço uso de alguns cosméticos, mas nada que seja uma rotina maluca. Quero sempre ser a Marília Pêra.

Bolsa De Mulher: Depois do sucesso em "Duas Caras", como aproveitou as férias?

Marília Pêra: Fiquei dez dias entre Paris e Londres, onde assisti a Vórtice, peça que vou fazer em 2009. Ainda passei por Nova York para participar da American Film Institute, numa homenagem ao ator americano Warren Beatt. Me senti lisonjeada ao ser convidada para pisar naquele tapete vermelho.

Bolsa De Mulher: Além da peça Vórtice, com estréia prevista para o próximo ano, que outros projetos você pretende realizar em 2008?

Marília Pêra: Vou ensaiar o musical "História do Teatro Musical Brasileiro", espetáculo de Ivaldo Bertazzo. Ainda vou dirigir a peça "Irma Vap" e estou reservada para a próxima trama de Wolf Maya. E devo percorrer algumas cidades com o espetáculo "Doce Deleite".

Bolda De Mulher: Por falar em "Duas Caras", a sua personagem Gioconda foi um dos grandes destaques da trama. Em boa parte das gravações, você dividiu as cenas com atores. Qual foi o saldo dessa experiência?

Marília Pêra: Foi muito gratificante. Até porque todos os atores iniciantes que contracenei em "Duas Caras" estudam muito e são disciplinados. Então, fica fácil de trabalhar com eles. Eu acho que os jovens respeitam e estão abertos para troca. Isso é ótimo e até prefiro trabalhar com eles.

Bolsa De Mulher: No seu livro "Cartas a uma jovem atriz", você dá dicas a atores iniciantes. O que realmente não pode faltar para os novos talentos que estão chegando ao mercado?

Marília Pêra: A primeira dica que dou é comprar o meu livro. Lá está cheio de toques importantes, como falar da minha experiência para esses atores ajuda. Mas o principal é estudar e estar sempre aberto para assimilar novos conhecimentos. Isso faz qualquer um ir longe.

Bolsa De Mulher: Você já fez grandes mulheres no teatro como Chanel e Maria Callas. Com qual delas você se aproxima mais?

Marília Pêra: Com todas. Ator é uma página em branco para estar pronto sempre para um personagem. Para falar a verdade, eu me identifico não só com essas duas grandes mulheres, ícones que todos conhecem. Mas até mesmo com aquelas mais simples que eu já interpretei. Posso listar desde a empregada à prostituta; como as mais românticas, normais. Enfim, tudo é marcante.

Bolsa De Mulher: Com 60 anos de carreira, quais seriam os grandes nomes da dramaturgia que você citaria?

Marília Pêra: Não precisa ir longe. "Duas Caras" estava repleta de nomes. Atores maravilhosos como o Stênio Garcia, Betty Faria, Antônio Fagundes, Susana Vieira, Zezé Motta, Pedro Paulo Rangel, Laura Cardoso, entre tantos outros nomes. Tenho o privilégio de ter trabalhado com quase todos e isso me satisfaz.

Bolsa De Mulher: Que livros você sempre deixa em cima da cabeceira?

Marília Pêra: Estou lendo "As Tais Frenéticas", da minha irmã Sandra Pêra, e "Uma Vida Inventada", de Maitê Proença. Além disso, sempre estou lendo roteiro de cinema e estudo peças para o teatro. Nunca estou parada. Graças a Deus!


Fonte:Bolsa de Mulher

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