Jorge Amado sempre foi um recordista, seja em seus clássicos livros, para os quais escrevia suas obras, sejam no teatro, no cinema e na televisão. Na TV, teve suas obras “Gabriela, Cravo e Canela”; “Tieta do Agreste” e “Tenda dos Milagres”, adaptadas com grande sucesso.
Foi o que aconteceu quando o escritor Aguinaldo Silva resolveu adaptar o romance “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, em 1989, para a televisão. A novela passou a se chamar simplesmente “Tieta”, exibida pela Rede Globo no horário nobre: 20h.
A trama se passava na fictícia cidade de Santana do Agreste, no nordeste brasileiro, tendo como foco o ódio, a vingança e a hipocrisia. Todas as personagens fingiam ser o que não eram.
Em Santana, a jovem Tieta (Cláudia Ohana), foi escorraçada da cidade pelo pai, o miserável Zé Esteves (Sebastião Vasconcellos), irritado com o comportamento liberal da filha e influenciado pelas intrigas de sua outra filha, a invejosa Perpétua (Joana Fomm). Rejeitada e humilhada, ela vai para São Paulo, para fugir do conservadorismo da cidade.
Depois de 25 anos, Tieta (Betty Faria) volta à sua cidade rica e decidida a se vingar da família. No dia de sua chegada, ela encontra o comércio fechado por causa de uma missa que estava sendo rezada em sua memória. Para espanto de todos, ela se apresenta na igreja e desfaz o mal entendido com muita ironia. Aqueles que a condenaram na juventude passam a cortejá-la, seja por sua fortuna, pela exuberância de seus modos, ou pela prodigalidade. Afinal, como dizia a música tema: “Vem meu amor/vem com calor/... Tieta não foi feita da costela de Adão/É mulher-diabo/É a própria tentação/Tieta é a serpente que encantava o Paraíso/Ela veio ao mundo prá tirar nosso juízo...”.
(Yoná Magalhães e Joana Fomm) Mas o fato é que ela acaba alterando a rotina da cidade e para chocar sua família, aceita até mesmo o amor de seu sobrinho seminarista Ricardo (Cássio Gabus Mendes), o filho de sua rancorosa irmã Perpétua.
Essa relação gerou problemas com a Justiça e com a Igreja Católica, que enquadraram a relação amorosa entre tia e sobrinho, como um caso incestuoso.
É bom registrar que da obra original subtraiu-se apenas o mote inicial e o perfil dos personagens. Os 197 capítulos da novela foram recheados por entrechos cômicos e dramáticos em competente criação dos roteiristas.
Afinal, Aguinaldo Silva, o único autor de novelas que, até hoje, só escreveu histórias para o horário das 20h, foi muito bem acompanhado por Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.
O grande destaque foi de Joana Fomm, que com suas roupas pretas e seu guarda-chuva de baixo do braço, fez uma interpretação antológica. Ela era uma “beata” que guardava em segredo uma caixa branca. No final, revela-se que o tal tesouro era o órgão genital do falecido marido de Perpétua.
Enquanto não foi revelado o segredo de Perpétua, Dana Milu (Miriam Pires, saudades desta atriz), soltava o bordão que se tornou muito popular: “mistério!...”.
Enquanto Carmosina (Arlete Salles) e Tonha (Yoná Magalhães), que davam ares de pureza e originalidade à novela. Como também o inesquecível trabalho de Ary Fontoura, como o coronel Arthur da Tapitanga, com suas “rolinhas”, que eram as mocinhas do bordel.
Destaques também tiveram Paulo José (Gladstone), Luciana Braga (Imaculada), Paulo Betti (Timóteo), Tássia Camargo (Elisa), Armando Bógus (Modesto Pires), Lília Cabral (Amorzinho), Rosane Gofman (Cinira), Sebastião Vasconcelos (Zé Esteves), e muitos outros.
No elenco, entre outros, estiveram José Mayer, Cláudio Corrêa e Castro, Lídia Brondi e Benvindo Siqueira. Na direção esteve Paulo Ubiratan, Reynaldo Boury, Ricardo Waddington e Luís Fernando Carvalho.
Veja um vídeo de "Tieta do Agreste":
Relembrando:"Tieta do Agreste"
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