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"Busca pela audiência não pode contrariar interesse público", diz Ivan Valente sobre caso Eloá

O deputado federal Ivan Valente (PSOL) entrou com um requerimento na Câmara dos Deputados para que a Comissão de Defesa do Consumidor da casa realize uma audiência pública para discutir a cobertura da mídia no seqüestro de Eloá Pimentel - assassinada por seu ex-namorado, Lindemberg Alves, em 19 de outubro. Durante os cinco dias de seqüestro, Globo, Record e RedeTV! exibiram entrevistas feitas por telefone com Lindemberg.

Aprovada por unanimidade, a audiência será no dia 11 de novembro, às 14h, na sala das comissões da Câmara dos Deputados, em São Paulo, e pretende reunir as emissoras que tiveram contato direto com o seqüestrador, o promotor que acompanhou o caso, o comandante da Polícia Militar responsável pela operação, um especialista em comunicação e alguém que analise os fatos do ponto de vista psicológico.

Agência Câmara
Ivan Valente
Para Valente, o seqüestrador foi transformado em celebridade pela mídia, em uma "busca insana" pela audiência. "Os setores da mídia perderam a noção do que é responsabilidade social e ética jornalística. A cobertura atrapalhou o trabalho da Polícia e prejudicou vidas", disse o deputado em entrevista ao Portal IMPRENSA.

A primeira questão a ser debatida, segundo o parlamentar, é o fato de "programas de entretenimento à tarde conversarem com o seqüestrador enquanto ele apontava uma arma para a cabeça da refém". A segunda questão é a própria cobertura, "pois as emissoras ficaram 24 horas em cima do fato, dando, inclusive, a localização precisa da Polícia ao seqüestrador. Elevar o cidadão à condição de celebridade contribuiu com o seqüestro e com o desenlace", afirmou.

Valente acredita que o debate é pertinente, pois é necessário "colocar em xeque as concessões das emissoras, que têm uma responsabilidade social e não podem, na busca incessante pela audiência, praticar um jornalismo contrário ao interesse público". De acordo com ele, "esse é um bom momento para discutir a renovação dos serviços públicos e fazer um balanço dos conteúdos e do papel da Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) e do Ministério das Comunicações em relação a esses conteúdos".

Perguntado se a população espera uma atitude do poder público - já que nesta sexta-feira (31), foram enviadas à Procuradoria Federal do Direitos do Cidadão 132 denúncias de telespectadores a respeito da cobertura jornalística sobre o caso - o deputado é enfático: "A pressão sobre esse fato mostra que existem setores da sociedade que não aceitam a manipulação política dos meios de comunicação. Entendo que o poder público é conivente com determinado tipo de cobertura jornalística, que trabalha com a lógica de comoção social para atingir picos de audiência", concluiu.

Por Ana Luiza Moulatlet/Redação Portal IMPRENSA

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