| A morte lenta da novela das seis é uma crônica anunciada há algum tempo por jornalistas e alguns diretores e escritores de TV. O trânsito cada vez pior das grandes cidades, hábitos noturnos mais freqüentes e um número maior de mulheres em atividades fora de casa têm prejudicado a audiência do horário. Além disso, uma faixa de público mais jovem procura diversões que tenham mais a ver com sua vida e seus desejos do que as aventuras de Negócio da China, tentativa muito acanhada de se aproximar dessa audiência. O sucesso de O Melhor do Brasil, da Record, pode ser, em parte, explicado por essa combinação de fatores.
Mas também deve ser entendido como uma resposta do público a Rodrigo Faro, um apresentador carismático que conseguiu conquistar o público adolescente à frente do programa. O ator é simpático, comunicativo e bastante objetivo nas abordagens aos participantes das brincadeiras.
Com uma linguagem e situações bastante simples, não há nada que possa complicar o entendimento de quem assiste em casa e de quem está no programa. Desde que Faro estrela O Melhor do Brasil, a audiência estabilizou com média de 11 pontos e o share chega a 25%. Em outras semanas, se manteve na liderança por quase uma hora.
O motivo é bem parecido com aquele que também tem angariado audiência para O Aprendiz, que já se prepara para uma nova edição. Há uma total carência de educação formal para certos assuntos como, por exemplo, o que fazer numa reunião de negócios, como se relacionar com colegas de trabalho e o que fazer diante de um carão do chefe.
O mesmo acontece em um terreno sempre perigoso, especialmente para os adolescentes: como se aproximar de um garoto ou uma garota, o que se deve falar, como tocar, como beijar e tudo mais. O quadro Vai Dar Namoro serve como um ensaio a estas questões cruciais na vida de quem está nessa idade, na qual qualquer vacilo é a pior coisa do mundo.
O duelo Fura Olho, outro quadro do programa, explora esse constrangimento de maneira fulminante, se bem que a faixa dos adolescentes pode chegar aos 30 anos. Os R$ 5 mil de prêmio incentivam os participantes aos golpes baixos e à revelação das intimidades. Público e privado são conceitos cada vez mais difíceis de se explicar.
Créditos: TV Press / Mauro Trindade |
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